Duma aldeia de zombies sai o som duma criança que nasce, um choro, berreiro, sufoco! Alguém lhe põe a mão na boca, sufocando o choro e a vida. A vida volta ao normal, a mãe dá o peito ao bebé.
Por decisão unânime de todos os ausentes, a vida dos vivos só a eles interessa. O que conta é a alma penada, vagueando vagamente. A sua decisão é dada neste acórdão, como som de acordeão fechado e esquecido. Um último momento que se prolonga, indefinidamente.
Adormeceu na manhã uma sombra, o Sol acordava de ressaca e vinha roxo de vinho com olheiras de nevoeiro e escuridão de fumo, no centro uma lareira para mãos estendidas presas a correntes, o preso não conseguia sonhar e sufocava, o fumo a entrar-lhe na imaginação, começou a ver tudo escuro, ajoelhou antes de desmaiar!
Um grilo preto, feio, escuro, terroso, roça as asas e não canta, in-comoda. Hoje não me deixou distrair com a tristeza da jovem que se repete, dizendo estar morta. Coisa que não duvido tenha acontecido enquanto adormeci e mais nada faço senão sonhar com ela para ver se estou acordado e tudo não passa dum pesadelo passado num blog gótico.
Quando o relógio da torre começou a dar horas estranhei e quis saber qual era o dia, a semana, o mês, o ano, o século, o milénio, e não havia nada disto, faltava inventar o tempo fora de horas. Só o relógio dava horas vazias, ocas, doentias, irregulares, espaçadas, até cantar o galo de madrugada. Isto aconteceu durante a noite, pareceu acabar durante o dia, até à noite do dia seguinte.
Outra igual à de ontem mas mais depravada: antes de ser esmagada, a caveira, era lixada e polida até poder ser partida por um sopro. Demorei tanto tempo que, não conseguindo evitar um suspiro, despedacei a caveira com o sopro. Sem conseguir chegar ao fim, cujo sentido estava a ser possível seguir, pareceu ir dar ao centro do labirinto.